O que significa narcisista? Saiba tudo!

O termo “narcisistas” não deve ser novo ou completamente desconhecido para você. Mas você realmente sabe o que significa ser uma pessoa narcisista? E, mais importante ainda, você sabia que o narcisismo é considerado um transtorno de personalidade?

Neste texto, vamos explicar um pouco mais sobre o narcisismo, suas causas, seus sintomas e seus possíveis tratamentos. A ideia é esclarecer e desestigmatizar esse transtorno. Para isso, nos acompanhe

Narcisista: Significado

Segundo o dicionário Michaelis, narcisista é aquela pessoa que possui “paixão pelo próprio ego”. Se partimos dessa definição sucinta, o narcisista pode ser compreendido como alguém que gosta muito de si mesmo a ponto de se auto admirar. Mas como isso pode ser considerado um transtorno?

Não parece absurdo considerarmos que devemos nos auto valorizar, não é mesmo? Afinal, dar importância a quem somos e às coisas que fazemos é uma atitude saudável e positiva. Entretanto, o narcisismo ultrapassa a auto valorização a ponto de se tornar um transtorno de personalidade que pode afetar severamente a vida daquele que o possui.

Quem é narcisista possui uma condição psicológica caracterizada por inflar – injustificadamente e constantemente – a sua própria importância. Uma pessoa diagnosticada com esse transtorno costuma precisar de atenção contínua e não sabe lidar bem com rejeições. 

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Sabe aquele adulto que precisa sempre ser o centro da conversa, que fala muito mais sobre si do que ouve sobre os outros, que sente uma necessidade imensa de elencar suas próprias qualidades e conquistas? Há uma possibilidade dessa pessoa sofrer de narcisismo!

Quando alguém se vê inclinado – o tempo todo – a externar sua auto admiração e exigir a admiração alheia, esse excesso pode ser um indicativo de transtorno de personalidade narcisista. Essa supervalorização de si próprio geralmente implica em uma desvalorização das outras pessoas. Não é fácil conviver com alguém assim, não é mesmo?

Um comportamento desse tipo pode ser considerado normal em crianças e adolescentes, mas o comum é que diminua com a chegada da maturidade e das responsabilidades da vida adulta. Quando isso continua ocorrendo, o melhor a ser feito é investigar!

E você sabe a origem do termo “narcisismo”? Essa palavra tem origem em um mito grego, o Mito de Narciso. Narciso era filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope e nasceu dotado de muita beleza. Segundo um famoso oráculo da região, ele teria uma longa vida contanto que nunca admirasse o seu próprio rosto.

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Já adulto, ao rejeitar a paixão e as investidas da ninfa Eco, Narciso caiu nas graças de uma maldição. Eco pediu a Nêmesis, a deusa da Vingança, que amaldiçoasse Narciso de forma que ele se apaixonasse com muita intensidade, mas de modo a nunca ser capaz de possuir o ser por quem se apaixonou.

A maldição acabou se cumprindo. Eco fez com que Narciso fosse atraído até uma fonte de água onde (ao se debruçar sobre a fonte para matar a sede), ele acabou avistando o seu reflexo. E nisso, Narciso se apaixonou pela própria beleza.

Numa das versões do mito, Narciso morre de inanição deitado ao lado da fonte pois não consegue parar de admirar a si próprio. Na outra versão, ele morre afogado ao mergulhar para tentar tocar na própria imagem. 

O que caracteriza uma pessoa narcisista?

É possível traçar um perfil com as principais características apresentadas por aquele que possui o Transtorno de Personalidade Narcisista. É claro que nem todo narcisista apresenta os mesmos sintomas e do mesmo modo, mas esses diferentes comportamentos são um forte indicativo de que uma pessoa sofre desse transtorno. 

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Veja abaixo alguns dos comportamentos mais frequentes.

  • Forte sentimento de superioridade

Talvez um dos principais sinais da crise narcisista seja o sentimento de superioridade. Se considerar muito melhor e acima dos outros é característica determinante daquele que possui esse transtorno de personalidade. Tal característica, porém, costuma esconder uma fraqueza: a insegurança. 

  • Insegurança constante mas escondida

Apesar do narcisista aparentar estar sempre “no comando” e completamente pleno e consciente de todas as suas incríveis capacidades, no fundo ele sofre de um imenso sentimento de insegurança. É paradoxal, sim! O ar de superioridade serve como uma carapuça para encobrir a falta de amor próprio e a insegurança paralisante.

  • Necessidade de ser o centro das atenções

Uma das maneiras de esconder a própria insegurança acaba aparecendo na busca frequente de atenção. O narcisista quer ser visto, ouvido e admirado. Ele quer ser o centro das atenções, não importa qual o assunto ou qual a ocasião. Você conhece alguém assim?

  • Falta de empatia

A empatia pode ser caracterizada como uma capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro de modo a ser capaz de sentir o que a outra pessoa sentiria naquela situação. O narcisista, no entanto, tem dificuldade em ser empático. 

Para que sejamos capazes de sentir empatia, precisamos treinar essa habilidade no decorrer de nossas vidas. Como a pessoa com narcisismo se considera sempre o centro das atenções, ela não consegue ver o outro como um sujeito de destaque, que merece ter seus sentimentos e desejos em primeiro plano. 

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Com isso, a vida de um narcisista pode se tornar muito complicada. Afinal, as conexões pessoais que ele desenvolve com amigos, familiares e colegas de trabalho acaba sendo limitada.

  • Arrogância e inveja

O narcisista costuma ser reconhecido por sua arrogância. Como ele se considera o melhor em tudo enquanto as outras pessoas são inferiores, seu senso de convivência o faz tratar o outro com desprezo.

Além disso, ele pode se considerar constantemente invejado. O seu raciocínio é o seguinte: se ele é superior, faz sentido que os outros sintam inveja de toda a sua importância, não é mesmo? 

A inveja que ele sente dos outros (mesmo que ele nem sempre demonstre) também é um fator a se ressaltar: como ninguém pode ser melhor que ele, qualquer conquista alheia é compreendida como uma ameaça a sua superioridade.

  • Atitude manipuladora

Quem sofre do transtorno de personalidade narcisista costuma ser bom em transformar todo e qualquer acontecimento em um acontecimento sobre si mesmo. Com isso, frequentemente ocorre um desmerecimento das ações e falas alheias. 

Desvalorizando a conduta do outro, o narcisista busca valorizar a si mesmo com a finalidade de atingir objetivos ou interesses próprios. Na cabeça de um narcisista, tudo é sobre si mesmo.

  • Fantasia sobre “obter sucesso”

Não é raro que o narcisista foque seus esforços e seus pensamentos em idéias de grandeza ou daquilo que ele considera como “obter sucesso”. Para ele, possuir o que os outros não possuem ou estar num status social mais alto podem ser desejos corriqueiros e muito importantes.

  • Se fazer de vítima

Outra característica que pode aparecer em quem sofre desse transtorno é a necessidade de frequentemente ocupar um papel de vítima. Se algo não sai como o planejado ou se ele não obtém aquilo que deseja, a culpa ou responsabilidade não é sua (mas, geralmente, daqueles que o cercam).

  • Dificuldade em lidar com críticas

Receber críticas raramente é algo agradável. Quando alguém nos critica, precisamos lidar com nossas frustrações e repensar nossas ações e modos de agir. Um narcisista, entretanto, costuma sofrer mais ainda com essa situação. 

Como ele se auto avalia muito acima da média, qualquer comentário que possa ser (ou mesmo parecer!) algum tipo de lição acaba desencadeando uma reação negativa em quem sofre desse transtorno. 

  • Agressividade e impaciência

Em alguns casos, o narcisista pode apresentar comportamentos agressivos. Como ele não gosta de ser contrariado ou de receber pouca atenção, situações em que ele considera que sua presença não está sendo devidamente valorizada causam estresse e impaciência. 

Com isso, muitos dos portadores dessa síndrome acabam reagindo reativamente por meio de falas ofensivas e abusivas ou, mesmo, de violência física.

Narcisismo versus egocentrismo: qual a diferença entre uma pessoa narcisista e uma pessoa egocêntrica?

Depois de ver essa lista de características que – em conjunto – costumam indicar um transtorno, você pode ficar se perguntando qual é a diferença entre alguém narcisista e alguém egocêntrico. 

É preciso compreender que enquanto o narcisismo é um distúrbio, o egocentrismo é um traço de personalidade. Traços de personalidade se formam através da educação que recebemos desde a infância e durante a nossa adolescência.

Quando vamos entrando na idade adulta, costumamos ir amadurecendo e repensando nossos padrões e comportamentos. Nossa tendência ao egocentrismo acaba sendo desestimulada e (se responsáveis e conscientes) deixamos esse traço, aos poucos, de lado.

É claro que nem todas as pessoas conseguem amadurecer ao ponto de não se considerarem o centro dos acontecimentos do mundo. Algumas permanecem egocêntricas para o resto de suas vidas.

Entretanto, quando se trata de um narcisista, esse comportamento egocêntrico se manifesta conjuntamente com outros sintomas (como aqueles que vimos na lista acima). Não basta ser um egocêntrico, portanto, para se ser um narcisista. Para desmistificar essa confusão, evite igualar essas duas coisas.

Quais as possíveis causas do transtorno narcisista?

Transtornos de personalidade ainda são uma grande pedra no sapato dos estudiosos. Em geral, é difícil bater o martelo sobre suas causas, mas há algumas hipóteses que podem ser levantadas.

No caso do Transtorno de Personalidade Narcisista, também não existe um consenso sobre sua origem. Justamente por isso, tanto seu diagnóstico como seu tratamento podem ser difíceis e demorados (mas nem por isso devem ser evitados ou menosprezados!) 

Duas das hipóteses que mais animam os pesquisadores são as seguintes:

  • Fatores genéticos

Uma das hipóteses sobre a causa do narcisismo é apostar nos fatores genéticos. 

Isso significa que é possível que muitas das pessoas que sofrem desse distúrbio nasçam assim ou tenham uma predisposição para desenvolverem esse transtorno com o passar do tempo. Ou seja, o narcisismo seria um transtorno com origem natural, biológica.

Levando essa hipótese em conta, é possível, portanto, que pais narcisistas tenham mais chances de terem filhos narcisistas. Esse fato, entretanto, ainda não foi comprovado cientificamente. 

  • Fatores ambientais

Fatores ambientais também são cogitados como bons candidatos ao surgimento do transtorno de personalidade narcisista. Mas o que isso significa, na prática? Que é o ambiente (seja familiar, escolar, social ou cultural) que ajudou a fomentar a formação de um conjunto de mecanismos narcisistas que se tornaram, aos poucos, um padrão de comportamento.

Crianças ou adolescentes que são criados sem pontos de referência maduros, responsáveis e auto críticos podem ter dificuldade em formar sua psique de forma que ela saiba lidar com as adversidades e os fracassos da vida. 

Para os pesquisadores que apostam nessa hipótese, as relações familiares desajustadas (onde há ou crítica excessiva ou elogio excessivo) podem influenciar no surgimento de um transtorno de personalidade.

Como lidar com uma pessoa narcisista?

É comum e há grandes chances de você já ter se deparado, durante a sua vida adulta, com alguém narcisista. E, sabemos bem, não é fácil lidar com alguém assim. Transtornos de personalidade não causam mal apenas a quem os possui, mas também àqueles que o cercam e com ele convivem.

Seja um amigo, um familiar, um colega de trabalho ou mesmo um parceiro de relacionamento amoroso, há alguns modos de lidar quando pessoa é narcisista. A primeira dica – e talvez a mais difícil de ser seguida – é tentar se afastar de quem segue um comportamento desse tipo.

O afastamento pode ser doloroso, mas serve para você colocar em perspectiva as ações e o modo de agir daquele que você desconfia que sofre desse transtorno. A distância (física ou mesmo emocional) é um aliado para que você reavalie sua relação e possa, de modo mais eficaz e descansado, lidar com o narcisista.

Se tomar distância for impossível (ou se você tomou distância e resolveu que a melhor opção é voltar à convivência), evite confrontar o narcisista ou apontar que ele parece, de fato, sofrer de um transtorno de personalidade. 

O melhor modo de ajudá-lo é encontrar brechas onde seja possível conversar abertamente sobre insegurança e medos da vida adulta. Se isso se mostrar positivo, o próximo passo consiste em apontar a importância que a terapia pode oferecer a todos aqueles que estiverem dispostos a se auto conhecerem e melhorarem.

E, lembre-se: fazer terapia não é bom apenas para o narcisista, mas também para aqueles que precisam lidar com ele! É muito fácil se sentir diminuído e desmotivado quando temos que conviver com alguém com algum distúrbio de personalidade. 

É muito importante não tolerar ser ou se sentir rebaixado constantemente, mesmo que seja por alguém que possui um transtorno ou problema de saúde mental. Para que sejamos capazes de ajudar os outros, precisamos nós mesmos estarmos saudáveis e seguros.

Por isso, não cuide apenas do outro: cuide também de si mesmo.

É possível fazer um tratamento para narcisismo?

Agora que sabemos melhor sobre o grupo de sintomas que, conjuntamente, podem indicar que uma pessoa possui o transtorno de personalidade narcisista e conhecemos modos de lidar com essas pessoas em nossa vida particular, surge a importante pergunta: existe tratamento para essa condição?

Apesar da comunidade médica não possuir uma diretriz única nesse caso, algumas medidas de tratamento podem e devem ser adotadas. 

Não existe medicação específica para tratar o narcisismo, mas alguns medicamentos com outras funções podem ser bons aliados. 

Antidepressivos e ansiolíticos – sempre receitados por um médico! – ajudam a controlar alguns dos sintomas decorrentes do distúrbio, como ansiedade acentuada, agressividade e pensamentos de grandeza.

Ainda assim, o tratamento que tem se mostrado mais eficaz é a psicoterapia. Conversar com um psicólogo qualificado é o melhor caminho para que o paciente narcisista compreenda que sofre de um transtorno e que esse transtorno (mesmo que ele não se dê conta) afeta negativa e efetivamente sua qualidade de vida.

Através da terapia, o paciente é capaz de reconhecer padrões de comportamento que ele mesmo segue e refletir sobre eles. Assim, o próprio paciente participa de sua cura.

A busca por autoconhecimento e bem estar que um tratamento terapêutico contínuo oferece faz com que os conflitos internos do paciente sejam colocados em evidência na busca por resolvê-los. É desse modo que seu comportamento, aos poucos, pode estar mudando.

Dentre os variados métodos da psicoterapia, a terapia cognitivo comportamental é quem mais tem apresentado bons resultados. Com ela, a pessoa narcisista é capaz de aprender a se relacionar melhor com aqueles com quem convive porque passa a compreender melhor suas próprias emoções e reações.

Apesar do tratamento ser longo e lento – já que qualquer um que sofre de transtorno de personalidade possui muita dificuldade em se ver como realmente é – ele possui melhoras significativas quando feito com um profissional competente e experiente. 

Qual a opinião dos especialistas?

Como já ressaltamos anteriormente, este é um transtorno difícil de se apontar as causas e de se fazer o diagnóstico, Alguns estudos mais recentes, entretanto, buscam avançar na compreensão do narcisismo.

Notou-se que os homens são mais afetados pelo narcisismo do que as mulheres e que, geralmente, essa síndrome apresenta seus primeiros sintomas ainda na adolescência e na juventude.

Pessoas com esse transtorno de personalidade que foram submetidas a pesquisas científicas apresentaram um resultado inusitado (mas não inesperado): o volume da massa cinzenta da ínsula esquerda anterior (aquela parte do cérebro que parece estar relacionada a respostas às emoções e ao funcionamento cognitivo) apresentava uma considerável diminuição.

O quanto esse fato pode ser significativo para localizar a causa do distúrbio ainda é informação que não temos. Entretanto, com esse dado, é possível imaginar que o narcisismo seja um transtorno que acontece devido a um desenvolvimento cerebral falho nos estágios iniciais de nossa vida, durante a infância e adolescência.

Para que essa hipótese se confirme, claro, muitos estudos ainda precisam ser realizados. Além disso, é necessário que os distúrbios de personalidade sejam levados mais a sério pela comunidade médica.

Mas como é feito o diagnóstico do narcisismo?

O transtorno de personalidade narcisista é difícil de traçar um simples diagnostico. Vários fatores e comportamentos precisam ser levados em consideração conjuntamente. Esses comportamentos só podem ser adequadamente observados por um profissional da saúde, especialmente da área de saúde mental.

Assim, o mais indicado é que um psiquiatra ou psicólogo seja o profissional a ter contato com o possível paciente narcisista.

Para que o diagnóstico seja feito de maneira correta, alguns pontos precisam ser observados com atenção. O psicólogo pode basear seu diagnóstico por meio das seguintes observações:

  • Esta pessoa apresenta sentimentos de grandeza desmedidos? 
  • Ela precisa ser o centro das atenções na maioria das situações?
  • Ao conviver com outras pessoas, ela parece sentir empatia?
  • Suas preocupações e desejos costumam girar em torno da busca de “sucesso” ou poder?
  • Ela é manipuladora em suas relações afetivas e profissionais?
  • Há um constante sentimento de inveja e uma certeza de que ela é sempre invejada?

Com essas perguntas, o profissional é capaz de analisar o padrão comportamental em que vive o possível narcisista e, assim, fazer um diagnóstico mais apurado.

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Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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