Saiba tudo sobre avaliação neuropsicológica

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A avaliação neuropsicológica consiste em uma reunião de testes capazes de mensurar perfis, considerando diversos aspectos e descrevendo-os. Inicialmente, esse método é usado para investigar possíveis alterações cognitivas, quando há alguma suspeita diagnóstica.

Entretanto, é uma avaliação amplamente indicada para entender melhor como as desordens, já sabidas, atuam na cognição, impactos de ocorrências e mais.

Por ser uma área recente da psicologia e com milhares de estudos importantes em desenvolvimento, outros já finalizados, muitas dúvidas surgem sobre o assunto e, aqui, você saberá tudo sobre isso.

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Avaliação Neuropsicológica: como funciona?

Inicialmente, vamos definir melhor o que são essas avaliações e como elas funcionam.

Assim, é comum que, ao questionar alguém sobre o tema, você tenha como resposta: o uso de vários tipos de testes para avaliação das funções mentais. Porém, isso não elucida ou esclarece totalmente o assunto.

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Sendo assim, é interessante começarmos pela base da questão, que são essas funções e o que elas significam.

Na Psicologia, as funções mentais são os Processos Psicológicos Básicos. Esses processos se referem a uma gama de coisas, como a cognição, desenvolvimento, a afeição e muitos outros.

O estudo desses processos permite que os profissionais entendam como algumas coisas acontecem no funcionamento cerebral humano, o que esperar e até falhas decorrentes de transtornos ou traumas.

Ao mesmo tempo, essas funções mentais são divididas em superiores e inferiores. A primeira destacando a linguagem, emoção, orientação e pensamento, e a segunda a percepção, atenção e memória.

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Segundo Vygotsky, um dos nomes importantes da psicologia e do estudo de habilidades cognitivas, as funções superiores são todas aquelas que se desenvolvem aos poucos e a partir das funções inferiores.

Outro termo importante aqui é a cognição, referente a forma como um indivíduo aprende as coisas ou adquire conhecimento.

É importante entender todas essas questões para que, na avaliação, você compreenda melhor o que está acontecendo ou vai ocorrer.

Afinal, é possível ter um déficit em uma função, mas não em outra, e, com essa resposta, conhecer os impactos.

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Dessa forma, a avaliação neuropsicológica é dividia em 4 etapas:

Avaliação Neuropsicológica – Fase 1

A primeira fase da avaliação é também onde ocorre a intervenção, o primeiro contato com o assunto.

Portanto, é nesta fase em que todos os testes serão realizados, para ser capaz de quantificar a cognição, alterações, questões de comportamento, emocional e assim por diante.

A avaliação pode ser realizada quando há uma suspeita diagnóstica ou mesmo após uma lesão/dano cerebral.

Com isso, essa avaliação é completa, visando a compreensão de alterações, habilidades que foram preservadas ou não e assim por diante.

Alguns dos exames extras que podem ser realizados incluem a Polissonografia, EEG com Mapeamento Cerebral, Neupsilin, Bateria Montreal Toulouse de Avaliação de Linguagem e muitos outros.

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Os testes podem variar conforme os dados coletados nas entrevistas iniciais com o paciente.

Objetivos – Fase 2

A segunda fase da avaliação neurológica possui diferentes facetas, começando com a coleta de dados do paciente, bem como para transmitir informação para familiares e responsáveis.

Logo, é aqui que os objetivos da avaliação e da intervenção são definidos, considerando todas as possibilidades. Lembrando que esses objetivos sempre consideram, principalmente, o que o paciente preservou e não as habilidades que foram perdidas ou afetadas.

Aqui é essencial que todos os profissionais tenham contato, para definirem exatamente as possibilidades.

Todos os objetivos são programados considerando as necessidades, vida e perspectivas de cada paciente. Com isso em mente, os profissionais criam sessões personalizadas de treinamento.

Reabilitação – Fase 3

A terceira fase da avaliação neurológica é essencial para o processo de intervenção e mudança, onde estratégicas super definidas são colocadas em prática.

Por isso, orientações, técnicas e tendências entram em cena, conforme as peculiaridades de cada indivíduo e abordando:

  • Tratamento das funções alteradas;
  • Modificação de comportamentos;
  • Apoio psicossocial;
  • Manejo emocional;
  • Readaptação social e mais;
  • Reabilitação das funções cognitivas.

É válido destacar que o psicoterapeuta é essencial em todo o processo, mas ganha mais espaço nessa fase, já que será preciso fazer um balanço de expectativas e realidade, dores e assim por diante.

Inclusive, se você não sabe quando procurar um psicólogo ou tem medo relacionado as sessões, confira um post especial aqui do blog.

No processo de reabilitação, existem diversas abordagens, como:

Restauração de Funções Danificadas

Processo que afirma que as funções podem ser restauradas com a estimulação correta, através de exercícios repetitivos e tarefas que conectem/reativem os circuitos do cérebro.

Compensação por Funções Danificadas

A técnica de compensação define que funções danificadas possam ser recuperadas se tiverem um objetivo funcional.

Para isso, são usadas estratégias alternativas a exercícios e auxiliares externos, geralmente indicada para lesões mais extensas ou quando a cognição sofreu uma deterioração superior. Entre as opções alternativas estão os sistemas de voz assistidos e alarmes.

Otimização de Funções Residuais

A técnica de otimização defende que as lesões cerebrais não são totalmente danificadas, mas passam por um processo redutor, perdendo parte da eficiência.

Logo, é essencial que você desenvolva outras estruturas e circuitos.

Sendo assim, essa reabilitação visa melhorar o desempenho do que ainda está ativo, que foi preservado com a lesão.

Enfim, todo o processo de reabilitação envolve vária áreas e programas, como:

  • Funções de execução;
  • Cálculo;
  • Linguagem;
  • Atenção;
  • Memória;
  • Orientação do espaço e tempo;
  • Habilidades viso-construtivas, etc.

Avaliação Neurológica: Generalizando Resultados – Fase 4

Chegando a última fase, o objetivo clínico é que o paciente que foi avaliado consiga aplicar na rotina comum aquilo que foi aprendido na reabilitação.

Assim, a ideia é que tudo aquilo que foi aprendido, desde os princípios até as habilidades, podem ser reproduzidos na vida diária, em tarefas simples.

Por exemplo, se a sua lesão provocou um dano na sua memória, a reabilitação vai consistir em definir esquemas que evitem possíveis acidentes ou atrasos, como o uso de agendas, post-its, etc.

No dia-a-dia, você cria uma agenda e um esquema a ser seguido, anota coisas importantes em locais estratégicos, como no espelho do banheiro e na porta da geladeira e generaliza para local de trabalho, carro e outros cômodos.

Mas suponha que você tenha uma lesão que danificou alguns movimentos das mãos.

Então, no processo de reabilitação, você realiza diversos exercícios com lápis, bolas, fortalecedores, bolinhas, etc.

Já na rotina, a generalização ocorre com o uso de talheres, mouses, ao estender a roupa no varal e dobrar, abrir e fechar janelas, etc.

Em resumo, a última fase significa sair de um ambiente completamente controlado para a sua vida real, trazendo qualidade de vida para o indivíduo e mais independência.

Caso esteja passando por dificuldades emocionais em todo esse processo, converse com um profissional qualificado para entender e racionalizar tudo o que está acontecendo e elevar sua autoconfiança.

Quando procurar um neuropsicólogo?

O melhor momento para buscar uma avaliação neuropsicológica é sempre que algum indício suspeito de déficit surgir ou após alguma lesão que danifique as funções mentais, incluindo a cognição.

Como, por exemplo:

  • Perdas ou alterações na memória;
  • Problemas de aprendizado sem outras justificativas;
  • Déficit de atenção;
  • Problemas no raciocínio;
  • Alterações em funções de execução, como organizar e planejar;
  • Dificuldade para se concentrar;
  • Problemas relacionados ao aprendizado;
  • Perda ou alterações em habilidades perceptivas e/ou motoras, etc.

Ao mesmo tempo, essa avaliação é amplamente indicada quando há um diagnóstico ou suspeita de:

  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Hiperatividade e dislexia;
  • Demências;
  • Epilepsia;
  • Atrasos no desenvolvimento cognitivo, e mais.

Logo abaixo, destacamos um pouco mais sobre isso considerando as fases de desenvolvimento.

Na maioria das vezes, o neuropsicólogo não é a primeira opção de médico, sendo comum a procura por terapeutas e psicólogos, clínicos gerais, pediatras/geriatras ou outros.

De qualquer maneira, se algum profissional indicar essa avaliação neurológica ou se considerar que é válida para elevar a qualidade de vida, não hesite em cuidar de si e dos seus entes queridos.

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Por dentro das premissas avaliativas

A avaliação neuropsicológica é realizada com testes, questionários, escalas e baterias, que são os instrumentos. Através desses, são computados resultados considerando todas as funções mentais do indivíduo.

Justamente por isso, trata-se de uma análise clínica, podendo ser realizada em qualquer idade. Entretanto, em cada fase, os resultados esperados são diferentes.

Não à toa, apenas um profissional qualificado pode realizar tal avaliação, colhendo os dados e os analisando em um cenário completo.

Por exemplo, é esperado que uma criança de dois anos consiga usar até 4 palavras para formar frases, consegue entender orientações ou ordens simples e até conhece as partes do corpo.

Além disso, conseguem expressar sentimentos básicos e criam relações com as situações, a memória também funciona plenamente para nomes, rostos e histórias que são repetidas várias vezes.

Portanto, a avaliação neuropsicológica considera todas essas questões, para não avaliar erroneamente um déficit quando, na verdade, a criança ainda não se desenvolveu completamente.

Por fim, esses testes incluem:

  • Controle motor;
  • Quociente de inteligência;
  • Percepção visual;
  • Depressão e ansiedade;
  • Capacidade de organizar;
  • Nível de memória;
  • Nível de atenção;
  • Questões de autoestima e sociais;
  • Avaliação de linguagem e fala, entre outras.

Neuropsicologia Infantil

Na infância, a avaliação neuropsicológica é destinada a compreensão de como as crianças recebem as informações e como isso passa a ser “parte delas”. Dessa forma, é usada para diagnósticos e observações de:

  • Agressividade;
  • Habilidades ou superdotação;
  • Problemas relacionados a atenção;
  • Dificuldades no aprendizado;
  • Desafios relacionados a socialização;
  • Hiperatividade;
  • Baixa autoestima;
  • Transtornos de humor;
  • Distúrbios do sono, etc.

Inclusive, ao contrário do que muitos pais pensam, realizar a avaliação e receber um diagnóstico não é algo negativo, que fará a criança sofrer algum tipo de estigma.

Pelo contrário, só com esse conhecimento é possível oferecer um tratamento precoce, para que a criança receba toda a estimulação que precisa para se desenvolver e ter a melhor qualidade de vida. Além disso, pode reduzir as dificuldades.

Assim, o paciente pode alcançar todo seu potencial.

Avaliação neuropsicológica em Adolescentes

A adolescência é uma das fases mais complicadas para os pais e responsáveis, já que é a idade em que se inicia uma busca por autoafirmação, conhecimento, liberdade, independência e com mudanças físicas e emocionais importantes, além de todas as liberações hormonais.

Justamente por isso, nem sempre é fácil distinguir o que é natural dessa fase e o que não deveria estar acontecendo, sendo em razão mais profunda.

Por exemplo, muitos pais culpam os filhos por irem mal na escola dizendo que é rebeldia, falta de atenção ou mesmo como uma forma de chamar a atenção.

Entretanto, a dificuldade no aprendizado pode estar relacionada com outros fatores neuropsicológicos. Sendo assim, a avaliação pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de:

  • Dificuldades relacionadas a memória;
  • Dislexia;
  • Hiperatividade;
  • Transtorno de Déficit de Atenção;
  • Transtornos de Linguagem;
  • Discalculia;
  • Problemas relacionados a habilidades emocionais e sociais, etc.

Avaliações em Adultos

A avaliação em adultos é destinada a uma compreensão mais ampla sobre doenças, perfis, fase do problema e fisiopatologias. Ou seja, mesmo em adultos, é possível ter um diagnóstico precoce.

Dessa forma, eleva as chances de uma vida de qualidade, reduz problemas na socialização, combate problemas de autoestima e confiança e mais. Muitas vezes, adultos que possuem algum tipo de perfil anormal são chamadas de preguiçosas ou de desorganizadas, quando na verdade é algo fisiológico.

Geralmente, essa avaliação é indicada para identificar:

  • Epilepsia;
  • Dislexia;
  • AVCs;
  • Problemas no aprendizado e/ou memória;
  • Distúrbios do sono;
  • Hiperatividade aliado a déficit de atenção;
  • Traumatismos;
  • Doenças relacionadas ao neurodesenvolvimento;
  • Sequelas cognitivas;
  • Sequelas psicológicas, etc.

Cabe destacar que as sequelas podem ocorrer em casos de doenças cerebrais, neurológicas e/ou psiquiátricas.

 Avaliação neuropsicológica em Idosos

Os idosos são indivíduos com características diferenciadas, que exigem mais cuidado e atenção, mas também é nesta fase que ocorre uma redução em habilidades cognitivas e funções neurológicas de forma natural.

Porém, isso não significa que os prejuízos são unicamente decorrentes da terceira idade, ou seja, é essencial distinguir os dois cenários possíveis.

Na prática, o cérebro humano envelhece ao longo dos anos, mas apenas uma avaliação completa é capaz de oferecer um diagnóstico precoce e estimular corretamente o paciente.

Com isso, é possível alcançar uma vida mais tranquila e equilibrada, evitar desafios desnecessários e trazer mais independência. 

Assim, a avaliação é indicada para identificar ou acelerar tratamentos de:

  • Demência Senil;
  • Parkinson;
  • Depressão;
  • Demência Vascular;
  • Alzheimer;
  • Comprometimento de Habilidades Cognitivas;
  • Demência Fronto-Temporal, entre outras.

Por fim, se quiser saber mais e ficar por dentro de todas as novidades sobre psicologia, cuidado mental e saúde emocional, confira o Blog Fepo e conheça nossos profissionais.

Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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