Tédio: você sabe o que realmente está acontecendo?

O tédio é uma palavra antiga, mas que só entrou no vocabulário inglês no século 18. Justamente por isso, já existia uma variação. Em resumo, antes tínhamos o “tedium”, que vinha do latim “taeder”, sendo traduzido como o não gostar de alguma coisa ou estar cansado. Mas, depois, veio o substantivo “bore”, mais próximo do que estamos falando aqui.

Tédio

Entretanto, tanto o significado “real” e mais antigo de “bore” quanto da palavra tédio é desconhecido até os dias de hoje.

Mas, o que sabemos, com certeza, é que os efeitos desse impacto emocional são capazes de desestabilizar os seres humanos. Ou seja, provoca uma série de impactos negativos no psíquico, físico e na saúde emocional.

De acordo com Cynthia D. Fisher, o tédio é marcado por um desinteresse generalizado acompanhado de um estado afetivo desagradável e dificuldade para se concentrar em outra coisa. Algo como um leve desgosto.

A partir disso, aqui você vai entender o que exatamente provoca o tédio, o quanto é normal sentir isso (e quais são os sintomas/sinais), bem como o que fazer para ter o alívio que está buscando.

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O que provoca o tédio?

Primeiramente, vamos falar sobre os sintomas e como identificar o tédio que, muitas vezes, é mascarado na rotina, chamado de outros nomes.

Na prática, o tédio é um estado emocional marcado pelo desinteresse e inércia do ser humano em fazer alguma coisa, marcado pela monotonia. Logo, é também um estado psicológico.

Esse fenômeno existe há milhares de anos, mas tem se tornado mais comum nos últimos anos, com o avanço tecnológico.

Como não há um conceito claro e conciso sobre o tédio, os pesquisadores apresentam um diferencial em relação a outras condições.

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Por isso, é um estado desagradável, incômodo e bastante específico. Afinal, há a falta de estímulos ao mesmo tempo que há um desejo por um alívio, por uma mudança.

Um exemplo fácil para entender o tédio é considerar aqueles indivíduos que trabalham o dia todo, onze meses ao ano. Com a chegada das férias, muitos dizem que vão fazer isso ou aquilo. Nos primeiros dias, isso acontece. São saídas pela cidade, limpeza, organização e até visitas a pessoas próximas.

Entretanto, depois de uma semana, começam a reclamar que não tem nada para fazer, que estão exaustos de ficar olhando para o teto e mais. Ou seja, não conseguem mais relaxar.

Isso causa um impacto mental, psicológico e físico. Muitas vezes, ocasiona uma série comportamentos e condições médicas.

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Vale destacar que algumas abordagens, como a Psicologia Positiva, define o tédio como um estado no qual “as habilidades do individuo são mais que suficientes para uma tarefa”. Algo como um excesso de capacidade que gera esse desinteresse.

Enfim, esses casos também podem desencadear a Síndrome de Burnout, marcada pelo esgotamento mental e físico decorrente do trabalho.

Afinal, o que provoca o tédio?

Diante de tudo isso, fica fácil identificar os sinais mais clássicos do tédio. Como o desinteresse, cansaço, baixa estimulação mental, falta de concentração e foco, nenhum interesse, baixa energia, má percepção do tempo e mais.

Também pode ser acompanhado de aborrecimento, irritabilidade, falta de gratificação e dificuldade para lidar com estímulos. A intensidade disso tudo é variável.

Mas o que provoca tudo isso?

A realidade é que o tédio pode acontecer por uma série de razões distintas, em intensidades leves, moderadas ou graves.

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Na maioria dos casos, esse tédio surge por uma falta de interesse em fazer alguma coisa, uma sensação de incapacidade e até pelo cansaço.

Assim, pessoas cansadas com a mesma rotina, que não sentem mudanças ou acontecimentos positivos, podem começar a sentir tédio durante e após o expediente.

Em alguns casos, isso também pode ser resultante de alguma desordem emocional, que causam o sentimento de vazio, elevam a apatia e dificultam as interações sociais ou mesmo mudanças particulares.

Durante a pandemia do Covid-19, por exemplo, com o fechamento dos comércios e negócios, o nível do tédio aumentou rapidamente. Afinal, provocou uma grande mudança na rotina, muitos não encontravam coisas para fazer, ficavam sozinhos por longos períodos e não viam uma perspectiva de mudança.

Nesse mesmo período, os quadros de ansiedade e depressão cresceram exponencialmente.

Então, aquilo que causa tédio em você pode não causar no outro, e vice-versa. E são essas particularidades que precisam ser observadas.

É normal sentir tédio?

A princípio, tédio não é uma doença.

Mesmo que tenha sintomas e seja desagradável. O tédio não é definida como uma doença, mas pode desencadear morbidades, e essas podem ser transtornos e outras condições clínicas.

Com base nisso, sentir tédio é algo normal, que ocorre por uma série de motivos. Geralmente, a sensação passa após algum tempo ou quando alguma mudança acontece.

Por exemplo, há casos que o tédio “some” após trocar de trabalho, encontrar um hobbie, começar a terapia e assim por diante. Mas, em alguns instantes, esse estado pode retornar e, depois, sumir novamente.

Geralmente, o problema é quando o tédio parece “tomar conta” da rotina, atingindo diversos níveis, bem como provocando o estado emocional e comportamental a longo prazo.

Como prejudicando o seu humor ao longo do dia, reduzindo toda a sua produtividade ao longo da semana, causando problemas nas relações pessoas ou profissionais, causando sintomas cada vez “piores”, etc.

O que fazer para aliviar o tédio?

Sabendo o que é o tédio e que isso é normal, fica o desconforto físico e mental que isso provoca. Tudo causando uma série de sintomas/sinais importantes. Logo, vem a dúvida de como aliviar esse estado.

A partir disso, separamos algumas dicas práticas focadas no dia-a-dia, ou seja, que são realmente acessíveis para serem feitas.

1# Considere como a sua rotina acontece

A rotina, quase sempre, é entendida como algo negativo. Isso porque, existe a ideia de que seguir um horário significa fazer exatamente a mesma coisa, de forma coerente e concisa.

Mas a realidade é que essa ordem tende a aumentar a autoestima, melhora o foco, evita que você não cumpra com suas obrigações e ainda facilita na hora de fazer aquilo que gosta.

Imagine o seguinte cenário: você trabalha das sete horas da manhã as cinco horas da tarde, com uma hora e meia de almoço. Ou seja, se você não organizar a sua rotina dentro dos horários livres, não consegue manter a casa organizada, fazer exercícios, sair com amigos/familiares, ficar com os filhos ou passear com os pets.

Neste caso, a rotina é indispensável para você não sentir que está sempre atrasado e correndo contra o tempo.

Logo, avalie a sua rotina, veja o que acontece e o que deve acontecer no seu dia, organize os horários e evite sobrecarregar a sua mente/corpo.

2# Aproveite o tempo “livre” para fazer coisas

Uma das formas de aliviar o tédio é começar a fazer coisas que você gosta ou deseja. Como aquela série que está esperando a anos para assistir, os livros parados na prateleira, a organização de um armário ou mesmo aquele curso dos sonhos.

Mas, para isso funcionar, é necessário iniciar um processo de “sair do lugar”, algo que nem sempre é fácil.

Em outras palavras, sabe aquele dia que você chega em casa cansado e, mesmo sabendo que precisa colocar a roupa lavar, fica a tarde toda deitado no sofá, mexendo no celular?

Então, sair desse processo de procrastinar coisas é o primeiro passo para evitar um dia tedioso (e conseguir cumprir com suas obrigações.

Dessa forma, para não ser um impostor consigo mesmo, organize o seu dia e defina o que será feito, mas também incorpore regras.

Por exemplo, estipule quanto tempo ao dia vai ver as redes sociais, mude a forma como se relaciona com o seu celular (evitando a dependência) e, se você sabe que procrastina quando chega do trabalho, não se deite ou sente. Faça o que precisa fazer antes de relaxar.

3# O tédio pode ser reduzido com a autossuficiência

A autossuficiência é um estilo de vida baseado em “faça você mesmo” aquilo que pode ser feito.

Ou seja, ao invés de comprar pronto ou esperar que os demais o façam, você toma as rédeas da atividade. Mas calma, isso não significa fazer tudo sozinho.

Essa perspectiva serve, principalmente, para aqueles que ficam entediados com facilidade e não encontram coisas para fazer de forma efetiva. Logo, podem adotar um estilo de vida mais prático.

Por exemplo, você pode começar uma pequena horta ou jardim, ter sempre algum tipo de projeto em andamento (como uma reforma), focar em aprender novas áreas, etc.

Em síntese, a autossuficiência coloca você como protagonista de alguma coisa para que tenha o que fazer.

4# Foque em explorar diferentes áreas do seu cérebro

Há diversas pesquisas sobre o tédio. Uma delas diz que o tédio é capaz de aumentar a criatividade, quando direcionado corretamente.

Aqui, a perspectiva é de que esse “intervalo” sem fazer nada pode impulsionar a mente, funcionando como um “empurrão”.  E, em alguns casos, realmente funciona.

Mas, de modo geral, esse processo pode ocasionar irritabilidade e estresse. Então, uma forma de amenizar esses sinais é explorando as diferentes áreas do seu cérebro.

Por exemplo, os jogos de raciocínio aceleram o pensamento, estimulam os processos e, muitas vezes, trazem perspectivas distintas e elevam a sensação de passagem do tempo (algo comprometido quando se está neste estado emocional).

Assim, aproveite para conhecer e jogos aqueles apps de memória, sudokus, caça-palavras, perguntas e respostas, etc.

5# Avalie novas perspectivas e coisas a serem realizadas

Você provavelmente já teve um dia no qual nada parecia ser “bom” o bastante. Ou seja, mesmo fazendo coisas que gosta, parecia não sair do lugar, o tempo não passada e você ficava com aquele frustração e irritabilidade comum do tédio.

No geral, isso acontece por um esquema cerebral, onde o “piloto automático” está ligado, exigindo pouca ou nenhuma ação/pensamento.

É por isso que o tédio, muitas vezes, acaba surgindo. Imagine que todos os dias você chega em casa e arruma tudo antes de ir tomar banho. Em poucos dias, mal vai notar esse processo e só se dará conta dele quando tudo estiver pronto.

Quando isso acontece, é hora de mudar e considerar novas perspectivas ou coisas que pode fazer, para (como dizem) não ficar na mesmice.

Para fazer isso, você pode criar uma lista de filmes e séries, livros, começar uma prática nova, como meditação, alterar a organização da rotina e assim por diante.

Dicas

Algumas dicas de livros que você pode gostar incluem: Nos Bastidores da Disney, A Riqueza da Vida Vimples, A Arte da Guerra, O Milagre da Manhã, Antifrágil, Por que Ninguém me disse Isso Antes, etc.

Já para os amantes de filmes , veja O Intocáveis, Extraordinário, Beleza Oculta, A Teoria de Tudo, Até o Último Homem, Estrelas Além do Tempo, Uma razão para Viver, Homens de Honra, etc.

Quando o tédio exige ajuda profissional

Por fim, vale destacar que nem sempre essas dicas parecem ter um efeito positivo na vida. Quando isso acontece, a melhor alternativa é buscar auxílio profissional.

Via de regra, observe se esses momentos tediosos ocorrem com frequência, a intensidade e os sentimentos gerados por isso, principalmente se comprometem sua vida profissional e social.

Em alguns casos, o sujeito não consegue visualizar uma mudança, tem dificuldades para alterar a rotina ou simplesmente não consegue definir aquilo que gosta ou não. Como resultado, estão sempre na mesma situação.

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Além disso, esses momentos tediosos podem afetar a sua estabilidade mental. Aumentando os níveis de ansiedade, estresse e sintomas depressivos.

Portanto, é de extrema importância iniciar um processo terapêutico para avaliar os fatores que desencadeiam esse tédio, os sintomas associados a eles, bem como para definir estratégias eficazes para a resolução desse conflito interno.

Há casos em que o tédio é decorrente da falta de ferramentas ou desejos, cansaço ou esgotamento, sobrecarga e assim por diante. Nesses casos, mudanças profundas serão o diferencial.

Aqui na Fepo você encontra os melhores profissionais e conteúdos para cuidar da sua saúde mental, fazendo terapia onde se sentir mais confortável.

Felipe Laccelva

Felipe Laccelva

Psicólogo formado há mais de dez anos, fundador e CEO da Fepo. Fascinado pela Abordagem Centrada na Pessoa, que tem a empatia como eixo central para transformar o ser humano. Sempre buscou levar a psicologia para mais pessoas e dessa forma criar um mundo mais saudável e acolhedor.

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